Cantos da FlorestaIniciação ao Universo Musical Indígena

Cantando e tocando os Bichos de Palop

CANTANDO AS CANTIGAS

  • Após ouvir as cantigas, escolha  com as crianças a música que o grupo mais gostou.
  • Faça uma segunda audição, propondo que os alunos prestem atenção na sonoridade das palavras.
  • Proponha que as crianças cantem trechos do que ouviram, estimulando a memória auditiva. Veja o que a classe consegue reproduzir do que ouviu.
  • Após a etapa anterior, você pode ouvir novamente, mas agora propondo que as crianças cantem junto com a gravação por diversas vezes, até o canto ficar fluente.
  • Cantem, sem a gravação, buscando  aperfeiçoar a sonoridade das palavras e a precisão da melodia.
  • É interessante também propor que as crianças escrevam a letra da música de acordo com a forma que ouvem. Depois, comparem as diferenças, pois muitas vezes, ouvimos uma língua de maneira diferente. Tentar pronunciar o mais próximo possível.
  • Mostrar a letra da música na língua Paiter também pode se tornar um ótimo trabalho, percebendo as diferenças entre como se escreve na língua e como se pronúncia.
  • Depois desse processo, você pode propor que as crianças cantem, tocando o maracá, instrumento muito presente nos povos indígenas brasileiros, mas sem rigidez na marcação do pulso. No canto do mutum, por exemplo, é interessante chacoalhar o maracá na terminação da frase, quando a voz realiza um pequeno glissando descendente, característica bastante presente nas músicas dos Paiter Surui.

Esse mesmo processo pode ser feito com todas as quatro cantigas dos Bichos de Palop. 

Cantiga do Mutum

Partitura Cantigas do Mutum e da Cotia (PDF)

 

Cantiga da Cotia

 

Cantiga da Anta

Partitura Cantigas Anta e Onça (PDF)

 

Cantiga da Onça

TOCANDO AS MÚSICAS DO BICHOS DE PALOP

As cantigas dos Bichos de Palop apresentam melodias com duas ou três notas, o que pode facilitar sua execução em instrumentos disponíveis na escola. Antes da execução instrumental, seria interessante chamar a atenção para a percepção do pulso nessa gravação.

Ao ouvir, vocês perceberão que o pulso está presente, mas existe uma respiração sem medida regular, o  que dá uma certa flexibilidade às frases. É interessante destacar essa característica presente nessas melodias, pois elas estão totalmente inseridas em um contexto de contação de histórias, o que pode inspirar essa liberdade métrica.

 

  • Como as melodias possuem poucas notas, você pode propor que os alunos ‘tirem de ouvido’ cada uma das músicas. Caso seja a primeira vez que seus alunos irão fazer isso, você pode auxiliá-los nessa tarefa cantando trecho por trecho e conduzindo a percepção dos intervalos ( ‘saltos’ ) e dos movimentos melódicos. Se achar interessante, vocês podem escrever as melodias em partitura.
  • Se o professor trabalha com instrumentos melódicos, como flauta doce ou mesmo xilofone, seria interessante tocar todas as melodias numa determinada sequência como se fosse um pot-pourri.
  • Quando os alunos já estiverem seguros em tocar todas as cantigas, você pode escolher uma delas para propor um exercício de improvisação na forma rondó ( A B A C A D A E …). A cantiga será o refrão (A) e todos tocarão juntos. Cada parte ( B, C, D, E …) será o improviso solo de cada um dos alunos. Você pode propor que eles criem uma variação da cantiga ou improvisem usando as mesmas notas ou até mesmo propor uma improvisação totalmente livre.

 

PARA LER


A história completa do mito Bichos de Palop encontra-se no livro Vozes da origem, estórias sem escrita: narrativas dos índios Suruí de Rondônia, da antropóloga Betty Mindlin. A obra reúne mitos dos Paiter Surui e aspectos da vida social desse grupo. São Paulo: Ática/Iamá, 1996

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