Cantos da FlorestaIniciação ao Universo Musical Indígena

Po Hamék – Bate palma, bate pé

Po Hamék é uma brincadeira cantada e, ao mesmo tempo, uma saudação dirigida a alguém presente e “cantada em pequenas reuniões no terreiro das casas, numa festa de aniversário, no pátio da escola, coletivamente, como as cantigas de roda”, como nos contou Ailton Krenak. Usá-la como uma canção que sempre inicia a sua aula pode se tornar um hábito gostoso, um pequeno ritual!  A seguir, algumas sugestões para brincar com Po Hamék.

Bate palma, bate pé

Como um aquecimento corporal, sugerimos  uma brincadeira como “Seu mestre mandou”, com motivos rítmicos variados a serem repetidos pelos alunos, isto é, você como ‘mestre’, cria um determinado motivo rítmico com as palmas e, em seguida, as crianças o repetem. Você pode usar não somente as palmas, mas também várias partes do corpo para essa brincadeira.

Após propor diversos ritmos, comece a propor os motivos rítmicos  da própria  música Po Hamék, utilizando os pés e as palmas, ainda sem cantar a melodia. Depois acrescentar as palavras “grirerré” e “pauamé” junto com os pés e as palmas. Assim, aos poucos, você já introduzirá a rítmica da música Po Hamék nesse aquecimento corporal e vocal.  

Motivo rítmico da cantiga Po Hamék

Em seguida, comece a cantar a música toda, repetindo várias vezes, até as crianças conseguirem interpretá-la fluentemente. Preste atenção na sequência entre “grirerré” e “pauame”,  evidenciando, mesmo sem falar nada, esse jogo entre as palavras como se fosse um espelho.

Grí erehé grí erehé, po hamék po hamék, po hamék grí erehé, grí erehé po hamék

(Pronúncia: Grirerré grirerré, pauame pauame, paume grirere, grirerré pauamé)

 

Turma do Grí Erehé e Turma do Po Hamék

Essa proposta é uma variação da sugestão de atividade “Bate palma e bate pé”. A ideia é brincar com a cantiga Po Hamék, lançando um pequeno desafio com movimentação corporal. Logicamente, que você e sua turma podem inventar outras formas de brincar, o que seria bem desafiador também.

Depois que todos estejam à vontade cantando a melodia com as palmas e pés, sugerimos brincar e cantar de outra forma, dividindo a turma em dois grupos, separados por uma linha imaginária ou um barbante: de um lado, a turma do gri erehé, e do outro a turma do po hamék, sendo que cada criança gri erehé estará em frente, isto é, olhando para uma criança po hamék.

Todos começam cantando juntos a frase Na gran tondon mûm gri – Na gran tondon mûm gri, ao mesmo tempo que vão andando para a frente, aproximando as duas filas e param um em frente ao outro.  Mas ao cantar Grí erehé, grí erehé, somente a turma do gri erehé é que canta e bate os pés. E quando cantam Po hamék, po hamék, somente a turma do po hamék é que canta e bate palmas, alternando os grupos sempre nas respectivas palavras.

Para ampliar um pouco o desafio, você pode propor que na repetição da música as duas filas se entrecruzem, isto é, as pessoas continuam andando para frente e trocam de lugar: quem era da turma do gri erehé passa a ser po hamék e quem era da turma do po hamék passa a ser da turma do gri erehé. E ao cantar pela terceira vez, trocam-se os lados novamente. Pode ser bem divertido!

Uma sugestão a ser feita antes dessa ‘ coreografia’, é propor uma pequena cena de saudação entre as duas turmas, na qual cada grupo inventará uma forma ritualística de cumprimento, dando asas à imaginação!

 

 

Foto: José Caldas

Menina Krenak

PARA Ouvir

A cantiga Po Hamék foi gravada no CD O CANTO DAS MONTANHAS, único registro sonoro disponível dos Krenak. A gravação deste material aconteceu em 1998, durante o Festival de Dança e Cultura Indígena da Serra do Cipó, que reuniu povos indígenas para alegrar a montanha e seus espíritos ancestrais. Neste CD, você ouvirá outras músicas dos Krenak, além de músicas dos Pataxó e dos Maxacali. (Sonhos e Sons, 1999).

 

Saiba mais

O povo Krenak se autodenomina de Borum, que  significa “gente”, termo que designa, também, a língua que eles falam.  Vivem em  Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. Mais sobre o povo Krenak no livro Cantos da Floresta e no site do ISA.

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