Cantos da FlorestaIniciação ao Universo Musical Indígena

Cantando e tocando a Taquara

Cantar a Taquara em sistema alternado

Taquara é o nome da música gravada pelos Yudjá, na década de 1970, pelos Irmãos Villas-Boas e tem a função de espantar os maus espíritos. Ela é tocada pelos sopros taratararu, também conhecidos como “flautas gigantes”, mas na realidade são sopros com palheta interna. Essa música é tocada por quatro instrumentistas, sendo que cada um toca uma nota da melodia, isto é, eles tocam em sistema alternado. Isso exige um grande entrosamento e sintonia entre os músicos para que a melodia soe orgânica, como se tocada por uma única pessoa. Esse sistema é usado em outros povos como você pode ouvir na Cariço e Japurutu, dos povos do Rio Negro.

É importante que esta atividade seja realizada após um trabalho de escuta da música, como apresentamos na  Taquara, que som é esse? A seguir, algumas sugestões:

  • Para experimentar como funciona o sistema alternado da Taquara dos Yudjá, nossa sugestão é que você, primeiramente, proponha que todos cantem a melodia várias vezes. Se for necessário, memorize trecho por trecho.
  • Após essa etapa de familiarização com a melodia da Taquara,  você pode dividir a turma em quatro grupos, sendo que cada um deles cantará apenas uma nota da melodia, no tempo e com a duração idênticos à melodia da gravação. Se necessário, podem realizar trecho por trecho, inicialmente. Por ser uma melodia de extensão vocal muito grande, esta é uma atividade difícil, mas pode se tornar um desafio e tanto!
  • Compare a Taquara com músicas, de outras culturas indígenas, que usam a mesma técnica de alternância, como por exemplo a  Cariço do Rio Negro ou a Á bó zar máh pagátaá (Ambodzara), tocada pelo trio totoráv dos Ikolen Gavião.

Obs. Se você considerar essa atividade difícil para seu grupo, mas quiser propor uma prática vocal, poderá cantar apenas alguns dos motivos melódicos que compõem a música toda.

Foto: Joana Rodrigues

Taratararu dos yudjá

Tocar a Taquara em sistema alternado com xilofones

Após ter realizado a prática vocal da Taquara, que tal tocá-la com xilofones?

  • Como a melodia é composta por apenas 4 notas, você pode dividir a classe em quatro grupos e cada um deles tocará apenas uma nota da melodia. Caso você não tenha xilofones disponíveis, pode utilizar outros instrumentos melódicos que tenha à disposição. Os boomwackers são instrumentos muito adequados para esta atividade.  

 

 

VOCÊ SABIA?

Você pode confeccionar ‘bexigofones’ como os do luthier Max Barulho, que apresentam uma sonoridade semelhante à da taratararu da música Taquara, para tocar com seus alunos.   

O bexigofone é um aeromembranofone, que quando soprado, a membrana de borracha na extremidade vibra. O bexigofone produz tons cheios de harmônicos. A afinação é flexível e pode ser ajustada pela intensidade do sopro, pela tensão da membrana e pelo comprimento do tubo.

 

Saiba mais

O povo Yudjá é também conhecido por Juruna, termo que é usado para designar a língua que eles falam, pertencente ao tronco Tupi. Yudjá, na língua Juruna, significa “dono do rio”. Já o nome Juruna foi uma denominação dada pelos não indígenas, e significa ‘boca preta’, uma alusão à tatuagem usada por eles, caracterizada por uma linha que vem da raiz dos cabelos e circunda a boca (Lima, ISA). Atualmente, alguns grupos yudjá vivem no Parque Indígena do Xingu, no norte do Mato Grosso, e outros vivem no estado do Pará.  Mais informações sobre os Yudjá encontram-se no livro Cantos da Floresta e no site do ISA

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